Nos 25 anos da adesão à CEE

Cortar com a subserviência<br>Afirmar um Portugal independente

As­si­na­lando os 25 anos da adesão de Por­tugal à CEE/​UE, através de uma de­cla­ração pro­fe­rida no pri­meiro dia do ano, Fran­cisco Lopes lem­brou que a adesão ao Mer­cado Comum e à União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária impôs ao País graves li­mi­ta­ções da sua so­be­rania, amar­rando-o a ori­en­ta­ções im­postas do ex­te­rior.

É cada vez mais evi­dente a fal­si­dade das pro­messas feitas aquando da adesão

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1. As­si­nala-se hoje 25 anos da adesão de Por­tugal à Co­mu­ni­dade Eco­nó­mica Eu­ro­peia.

A adesão de Por­tugal à então CEE, hoje União Eu­ro­peia, teve e tem, como então foi aler­tado, con­sequên­cias de­sas­trosas para o País como a ac­tual re­a­li­dade so­cial e eco­nó­mica na­ci­onal com­prova. Ao fim de 25 anos, é cada vez mais evi­dente a fal­si­dade das pro­messas e das ilu­sões se­me­adas em torno da Eu­ropa e da sua in­te­gração co­mu­ni­tária. 25 anos de in­te­gração, di­tada desde logo pelo ob­jec­tivo po­lí­tico de fa­vo­recer a re­cons­ti­tuição dos grandes grupos mo­no­po­listas em Por­tugal, tra­du­ziram-se na su­bor­di­nação dos in­te­resses na­ci­o­nais aos in­te­resses das grandes po­tên­cias da União Eu­ro­peia.

Ao con­trário do apre­goado pe­lotão da frente que muitos, como Ca­vaco Silva sus­ten­tavam, Por­tugal está, duas dé­cadas e meia de­pois, em re­sul­tado da po­lí­tica de di­reita e do pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista, no pe­lotão da frente do de­sem­prego, dos baixos sa­lá­rios e da po­breza, das de­si­gual­dades.

Por­tugal é hoje um País am­pu­tado e de­bi­li­tado no seu apa­relho pro­du­tivo e na sua pro­dução na­ci­onal, com as suas in­dús­trias bá­sicas e es­tra­té­gicas, a agri­cul­tura e as pescas sa­cri­fi­cadas aos in­te­resses da União Eu­ro­peia. A de­sin­dus­tri­a­li­zação e aban­dono das ac­ti­vi­dades pro­du­tivas con­du­ziram à de­pen­dência e a um brutal dé­fice ex­terno do País. A so­be­rania ali­mentar, ele­mento in­te­grante do con­ceito de se­gu­rança na­ci­onal, está posta em causa. Por­tugal é hoje um País a di­vergir da média eu­ro­peia, com pro­fundas as­si­me­trias re­gi­o­nais, com um in­te­rior cada vez mais aban­do­nado.

A adesão ao Mer­cado Comum (com as suas po­lí­ticas co­muns) e, pos­te­ri­or­mente, à União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária (com a sua moeda única, banco cen­tral e pacto de es­ta­bi­li­dade), im­pu­seram a Por­tugal graves li­mi­ta­ções da sua so­be­rania, da sua po­lí­tica eco­nó­mica, or­ça­mental e mo­ne­tária, amar­rando o País a ori­en­ta­ções im­postas do ex­te­rior, im­pe­di­tivas do seu de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico, des­trui­doras de di­reitos la­bo­rais e so­ciais e de ser­viços pú­blicos.

A mi­li­ta­ri­zação da União Eu­ro­peia – como pilar eu­ropeu da NATO –, de que o Tra­tado de Lisboa é co­ro­lário, amarrou Por­tugal a um pro­cesso que visa a cons­ti­tuição de um bloco po­lí­tico-mi­litar do­mi­nado pelas suas grandes po­tên­cias e li­de­rado pela Ale­manha.

Após 25 anos de in­te­gração fe­de­ra­lista, ca­pi­ta­lista e mi­li­ta­rista, em que são evi­dentes as res­pon­sa­bi­li­dades dos can­di­datos Ca­vaco Silva e Ma­nuel Alegre, o País viu cer­ce­ados as­pectos fun­da­men­tais da sua in­de­pen­dência e so­be­rania. Os que então di­ziam ser a CEE a con­dição e única so­lução para os pro­blemas do País são, afinal, os que hoje, mesmo co­lo­cados pe­rante o des­ca­labro, con­ti­nuam a apre­sentar como única e ine­vi­tável a mesma po­lí­tica de de­clínio na­ci­onal, a mesma su­bor­di­nação às grandes po­tên­cias e aos seus grupos fi­nan­ceiros.

Aí está o en­co­men­dado Or­ça­mento do Es­tado para 2011 que hoje co­meça a fazer sentir os seus drás­ticos efeitos, com o corte nos sa­lá­rios, nas pen­sões de re­forma e nos apoios so­ciais, com o corte no in­ves­ti­mento pú­blico, com o au­mento ge­ne­ra­li­zado dos preços pro­mo­vendo a re­cessão eco­nó­mica, o afun­da­mento do País, o em­po­bre­ci­mento e o agra­va­mento brutal das in­jus­tiças so­ciais.

Aí estão as acon­se­lhadas novas al­te­ra­ções na le­gis­lação la­boral de fa­ci­li­tação e em­ba­ra­te­ci­mento do custo dos des­pe­di­mentos para o pa­tro­nato. Aí estão os pre­ten­didos novos pro­cessos de pri­va­ti­zação dos trans­portes aéreo e fer­ro­viário.

Ao longo destes 25 anos, o povo por­tu­guês viu cer­ceada a sua so­be­rania de de­cisão sobre o seu pre­sente e fu­turo. Mesmo quando foi pro­me­tida ao povo por­tu­guês a sua par­ti­ci­pação, por via do re­fe­rendo, na de­cisão sobre a ra­ti­fi­cação ou não do Tra­tado de Lisboa – com as suas graves im­pli­ca­ções – esta não foi cum­prida pelo PS e PSD, com o ac­tivo apoio do ac­tual Pre­si­dente da Re­pú­blica.

 

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2. Por­tugal não está con­de­nado. Por­tugal ne­ces­sita de uma mu­dança de rumo. Tal mu­dança exige uma rup­tura com as po­lí­ticas de ab­di­cação na­ci­onal que têm le­vado o País ao de­clínio, uma rup­tura com as ori­en­ta­ções e po­lí­ticas fun­da­men­tais da União Eu­ro­peia.

É ne­ces­sária uma voz e acção firmes na Pre­si­dência da Re­pú­blica que re­cuse novas am­pu­ta­ções da so­be­rania na­ci­onal, no­me­a­da­mente quando são anun­ci­ados os ob­jec­tivos para uma al­te­ração ao Tra­tado de Lisboa, di­tada pelos in­te­resses da Ale­manha e ou­tras grandes po­tên­cias da União Eu­ro­peia.

É ne­ces­sária na Pre­si­dência da Re­pú­blica uma voz e ati­tude per­sis­tentes em de­fesa da so­be­rania e dos in­te­resses do povo por­tu­guês, con­sen­tânea com os prin­cí­pios con­sa­grados na Cons­ti­tuição Por­tu­guesa. Esta é uma can­di­da­tura que não é porta-voz dos di­tames e in­te­resses das grandes po­tên­cias da União Eu­ro­peia e do ca­pital fi­nan­ceiro.

Esta é uma can­di­da­tura que não foi ou será cúm­plice das po­lí­ticas de ab­di­cação na­ci­onal. A can­di­da­tura que as­sumo, ex­prime a exi­gência de uma efec­tiva mu­dança das po­lí­ticas que atingem pro­fun­da­mente os in­te­resses de Por­tugal, travam o seu real de­sen­vol­vi­mento, as con­di­ções de tra­balho e de vida do povo por­tu­guês.

Esta é a única can­di­da­tura que, de forma co­e­rente e com ver­dade, pugna pela pre­ser­vação da so­be­rania na­ci­onal en­quanto con­dição para a ma­nu­tenção de Por­tugal como país in­de­pen­dente; en­quanto con­dição para a sal­va­guarda da de­mo­cracia; en­quanto con­dição para o de­sen­vol­vi­mento do País e a con­cre­ti­zação dos in­te­resses e as­pi­ra­ções do povo por­tu­guês; en­quanto con­dição para a livre es­colha dos ca­mi­nhos de co­o­pe­ração entre países so­be­ranos e iguais em di­reitos na Eu­ropa, de uma re­lação so­li­dária e de paz com todos os povos do mundo.

Esta é a única can­di­da­tura que ins­creve como exi­gência pro­fundas mu­danças na po­lí­tica eco­nó­mica e mo­ne­tária e a sua co­lo­cação ao ser­viço dos res­pec­tivos povos.

Esta é a can­di­da­tura que re­jeita, con­dena e de­nuncia o pro­cesso de ex­torsão que o ca­pital fi­nan­ceiro, com a co­la­bo­rante in­ter­venção do Banco Cen­tral Eu­ropeu e da União Eu­ro­peia, tem con­du­zido contra o País e os seus re­cursos.

Esta é a única can­di­da­tura que de­fende uma Eu­ropa aberta ao mundo e de paz, so­li­dária e exem­plar nas re­la­ções com ou­tros países, re­cu­sando a pers­pec­tiva de uma Eu­ropa for­ta­leza, bloco po­lí­tico-mi­litar, mais ou menos ali­nhado com o im­pe­ri­a­lismo dos EUA.

 

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3. A questão que se co­loca, 25 anos de­pois da adesão à CEE, é esta: ou pros­segue e se apro­funda uma in­te­gração eu­ro­peia que afronta a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, agride a so­be­rania na­ci­onal e põe em causa os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do País; ou se, pelo con­trário, se corta com uma po­lí­tica de sub­ser­vi­ência e se afirma um Por­tugal in­de­pen­dente, num pro­jecto de co­o­pe­ração entre es­tados so­be­ranos e iguais, que pro­mova a me­lhoria das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e o pro­gresso do País.

As pró­ximas elei­ções pre­si­den­ciais serão uma opor­tu­ni­dade para que os de­mo­cratas e pa­tri­otas, aqueles e aquelas que as­piram a uma vida me­lhor e de­sejam pôr fim ao per­curso de de­clínio e ab­di­cação dos in­te­resses na­ci­o­nais pe­rante as exi­gên­cias do es­tran­geiro, ex­pressem através do voto o seu de­sejo de mu­dança.

Uma real mu­dança que ponha termo à con­ti­nu­ação da acu­mu­lação dos lu­cros dos bancos e grupos eco­nó­micos, à de­la­pi­dação do pa­tri­mónio pú­blico, à li­qui­dação das pe­quenas e mé­dias em­presas. Uma real mu­dança que ponha termo à de­gra­dação das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, ao com­pro­me­ti­mento dos di­reitos das novas ge­ra­ções, ao em­po­bre­ci­mento do País. Uma mu­dança que as­se­gure uma po­lí­tica de de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico, pro­gresso so­cial e so­be­rania na­ci­onal capaz de abrir ca­minho a um Por­tugal com fu­turo.



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